19.9.08

Microsoft parte 2.

Alguns meses atrás, quando fiquei sabendo que a Microsoft tinha entregado sua conta para a Crispin Porter + Bogusky, duas coisas passaram pela minha cabeça.

A primeira foi uma espécie de satisfação por ver uma agência que eu admiro se dar bem: a verba para a campanha foi de U$300 milhões. A segunda foi uma certa preocupação: a Crispin ficou conhecida por quebrar paradigmas de forma, conteúdo e distribuição do conteúdo que produz.
Conteúdo porque é difícil classificar alguns trabalhos deles como simples propaganda. Mas será que eles conseguiriam fazer isso com uma empresa gigante como a Microsoft?


Aí vieram as notícias.

A primeira foi o anúncio de Jerry Seinfeld como parte da campanha. Lembrando sempre que, aparentemente, o briefing que eles tinham na mão era tornar a Microsoft uma marca cool. Tirar o estigma de patinho feio e nerd dela.






Não se falou nenhuma vez em aumentar vendas – até porque, com 90% do mercado usando Windows, isso seria megalomaníaco demais.

Bom, o fato é que o Seinfeld não é cool. Ele é engraçado, simpático, genial até. Mas cool não é.

Só que eu acho que os caras da Crispin sacaram uma coisa nisso tudo: a Microsoft não é cool. Nunca vai ser. Ela é mainstream, de direita, tem plano de previdência, dois filhos e um carro 1.0. A Microsoft é de todos, é maioria absoluta.


E, por mais que os filmes com o Seinfeld sejam legais e tenham, até certo ponto, ajudado a tirar o ranço que muita gente tinha contra o Bill Gates, eles só foram ao ar como uma introdução para o verdadeiro discurso da Microsoft: a universalidade do Windows.



É um raciocínio defensável até como argumento de venda: se 90% das pessoas usam, não pode ser tão ruim quanto a concorrência diz.

Não sei bem pra onde a campanha vai, ela teve dois momentos muito distintos até agora. Mas, pelo conceito Life Without Walls, pelo discurso do anúncio-manifesto, e pelos filmes, ela é radicalmente diferente daquilo que a Crispin se tornou famosa fazendo.

Não tem nenhuma subversão.

E isso não é bom nem ruim. Só não condiz com o histórico da agência. E talvez seja o motivo por eu não ter gostado tanto da campanha.

Um comentário:

Gabi Elias disse...

Continuo com impressão de que algo está por vir. Mas pode ser viagem da minha cabeça, talvez tenham atingido o público-alvo e, ok, que venha a próxima campanha.

Nahhh! Será?