E é aí que mora o perigo de virar um resmungão, um rabugento, um velho. O povo não pode parar de respirar. Ao invés de reclamar dos problemas, deve procurar impetuosamente os lados bons da vida. Até porque, todo mundo têm problemas. Financeiros, amorosos, de saúde. O cotidiano é cheio deles. Por isso mesmo, o povo tem que ser bravo. Eu digo bravura, porque é caso de vida ou morte.
Viver, pra mim, é estar sempre em busca da satisfação. Da felicidade. Seja pelas minhas conquistas, de acordo com o que eu aspiro do fundo do coração, seja enxergando como a vida é a fuder. Senão, eu viro um morto-vivo. Um zumbi. Uma das coisas que eu mais quero na vida é fazer as pessoas terem a mesma capacidade que eu tenho de ficar amarradão. De dizer “Que do caralho!", em vez de reclamar.
Vamos partir do comum: a música. A grande maioria da população mundial dá valor à música. Pra minha felicidade, ela tem o poder de animar, de pilhar o cara a entrar no clima. Ficar feliz pura e simplesmente por ouvir uma música e imediatamente parar de reclamar da vida. Isso mostra um pingo de sensibilidade que cada cidadão tem.
Nos casos mais relutantes, a pessoa foi tão impactada pela música, que acabou achando legal. Viu todos tão animados que entrou na dança. E isso é um ótimo sinal. Ouvir uma música não paga as contas de ninguém. Não traz o tipo de lucro que todos vivem procurando. Só o lucro subjetivo, que injeta um outro tipo de oxigênio. Por isso, pra não perder muito, mas muito do que a vida tem a oferecer, o povo precisa expandir esta sensibilidade. Esta capacidade que se desenvolve com a música e todas as suas irmãs: as artes.
Como é demais querer que o povo deixe de coçar o saco para ir a um museu, sugiro algo tão genial quanto as obras de arte. Algo que ontem me deixou maravilhado e faz falta em Porto Alegre: a arte de rua. Eu já conhecia os stickers, stencils e grafittis europeus. Mas ontem, folhei um livrinho fantástico (London Street Art 2), que me fez pensar em como seria um alívio se essa arte tomasse conta das nossas ruas. Roubando o lugar das milhares de pixações que poluem a cidade. Cobrindo todos os nomes de gangues e de pixadores escritos em preto. Dando vida ao dia-a-dia do cidadão. Encher os muros com mensagens, propostas, que fazem as pessoas esquecerem dos problemas e mergulharem num universo paralelo. Não só os muros, como acontece em Porto Alegre.
Encher portas, garagens, postes, carros, ônibus, prédios, o asfalto, a calçada. Aonde for humanamente possível botar arte. Porque um obreiro pode ignorar um ou dois stickers na rua. Mas é impossível ficar indiferente a 100 deles. Isso levaria toda a população a exercitar o músculo da sensibilidade. Assim, a vida de todos valerá muito mais a pena e teremos o tão desejado mundo melhor. O povo tem esse poder. Só precisa exercitar.
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Um comentário:
Realmente a arte é uma referência e tanto pra vida! E mais, a arte é um digno meio de inclusão social. Mas (sobrancelhas arriadas), no Brasil? Apagaram um muro em São Paulo da galera mais sinistra: Nina, Nunca, Vitché, Herbert Baglione e, dos caras, osgemeos. Onde termina a pixação e começa o grafitti? Cor, espaço, sombra? Onde é roubo e onde é fome? Idade, nível de pobreza, quantidade de bolsa-família? Não interessa! O que falta é investimento, vontade, faltam políticos engajados, parceria pp, faltam eles, tús, falta...eu? Eu usufruo e arrio as sobrancelhas!
Beto.
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